Cozinheiros e gastrónomos
algarvios aplaudem o trabalho de muitos "chefs" internacionais
na região, mas defendem "com unhas e dentes" os produtos e
pratos típicos do Algarve.
O presidente da Associação dos
Cozinheiros e Pasteleiros do Algarve e coordenador na área de
formação de cozinha e pastelaria da Escola de Turismo de Faro,
Henrique Leandro, aprecia as propostas inovadoras de muitos
"chefs" internacionais que trabalham na região, nomeadamente
em restaurantes e hotéis de luxo, que considera que
"enriquecem" a gastronomia, "desde que respeitem os produtos
tradicionais portugueses".
Numa área onde "a inovação
nunca pára", os "chefs" são em regra "muito criativos" e "têm
uma imaginação constante" para apresentar propostas inovadoras
na restauração, considera o responsável.
"É sempre uma
mais-valia ter conhecimento de outras culturas gastronómicas,
numa profissão que se actualiza diariamente", destaca Henrique
Leandro, salientando a importância do contacto com estas
experiências para os alunos da Escola de Turismo.
No
entanto, considera, a cozinha portuguesa é muito rica, para o
que contribui o uso de ingredientes como o sal e as gorduras,
que conferem "um sabor" especial à comida.
"Temos
produtos com um sabor e paladar que outros países não têm",
adianta o representante, salientando o Algarve é
particularmente rico na oferta de produtos
variados.
Henrique Leandro destaca o peixe, os moluscos
e o marisco, "entre os melhores do Mundo", mas também as
carnes do interior e do barrocal algarvios, as ervas
aromáticas - como poejo, orégãos, rosmanhinho, hortelã,
tomilho, alecrim - e, para as sobremesas e doces, o mel, os
figos, as amêndoas, a alfarroba e a laranja.
José
Manuel Alves, grão-mestre da Confraria dos Gastrónomos do
Algarve, garante que os confrades defendem "com unhas e
dentes" os produtos e gastronomia tradicionais.
"Não
somos contra a inovação, somos contra a invenção", adianta,
referindo que é possível dar novos usos a determinados
produtos, mas por vezes há algum "facilitismo".
Através
de eventos que organiza, a Confraria tenta "puxar as pessoas
para a riqueza da gastronomia e da doçaria do Algarve",
explica José Manuel Alves, que defende que "as pessoas podem
inovar utilizando produtos regionais".
A preservação do
que é tradicional, reconhece, é mais fácil no Inverno, quando
"há mais cuidado", do que no Verão, altura em essa é uma
tarefa "quase impossível".
"Há muita gente, aparece
muito pessoal a trabalhar só neste período e o
profissionalismo já não é o mesmo", lamenta.
26 de
Agosto de 2007 | 14:11 lusa
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