A Alfarroba

A alfarroba (do árabe al karrub, a vagem), é o fruto da alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.).

Julga-se que as suas sementes foram usadas, no antigo Egipto, para a preparação de múmias; foram, aliás, encontrados vestígios de suas vagens em túmulos.

Pensa-se que a alfarrobeira terá sido trazida pelos gregos da Ásia Menor. Existem indícios de que os romanos mastigavam as suas vagens secas, muito apreciadas pelo seu sabor adocicado. Como outras, a planta teria sido levada pelos árabes para o Norte de África, Espanha e Portugal.

A semente da alfarrobeira foi, durante muito tempo, uma medida utilizada para pesar diamantes. A unidade quilate (carat) era o peso de uma semente de alfarroba. Era considerada uma característica única da semente da alfarroba, o seu peso sempre igual. Hoje em dia, contudo, sabe-se que seu peso varia como qualquer outra semente.

Do fruto da alfarrobeira tudo pode ser aproveitado, embora a sua excelência esteja ainda ligada à semente, donde é extraída a goma, constituída por hidratos de carbono complexos (galactomananos), que têm uma elevada qualidade como espessante, estabilizante, emulsionante e múltiplas utilizações na indústria alimentar, farmacêutica, têxtil e cosmética.

Mas a semente representa apenas 10% da vagem e o que resta – a polpa - tem sido essencialmente utilizado na alimentação animal quando, devido ao seu sabor e características químicas e dietéticas, bem pode ser mais aplicado em apetecíveis e saborosas preparações culinárias.

A farinha de alfarroba é a fracção obtida pela trituração e posterior torrefacção da polpa da vagem. Contém, em média, 48-56% de açúcar (essencialmente sacarose, glucose, frutose e manose), 18% de fibra (celulose e hemicelulose), 0,2-0,6% de gordura, 4,5% de proteína e elevado teor de cálcio (352 mg/100 g) e de fósforo. Por outro lado, as características particulares dos seus taninos (compostos polifenólicos) levam a que a farinha de alfarroba seja muitas vezes utilizada como antidiarreico, principalmente em crianças.

Ao contrário das laranjeiras, que necessitam de muita água, as alfarrobeiras conseguem viver saudavelmente com 250 mililitros de água por ano e mesmo em períodos de seca severa ou extrema mantêm ou até aumentam a produção.

Este ano, a produção subiu de 35 mil toneladas para quase 40 mil toneladas.

A alfarroba, também designada por "chocolate saudável" por ter um baixo teor de gordura, é igualmente mais lucrativa.
 

       
                                                                                                     vagens de alfarroba

No Algarve há apenas duas fábricas de transformação da semente de alfarroba, a Danisco e a Victus Industrial Farense, e quase toda a sua produção é para exportação.

A semente de alfarroba é utilizada em várias indústrias, como a farmacêutica (para dar forma a alguns comprimidos), a cosmética (quanto mais os cremes forem hidratantes, mais goma da semente de alfarroba têm, o chamado E410, que absorve a água), a alimentar (como aditivos para pudins, papas de bebé e estabilizantes de gelados), a têxtil e do papel.

"Portugal fica apenas com cerca de cinco por cento da produção de sementes de alfarroba que é aproveitada para as fábricas dos gelados da Olá e da Nestlé", adiantou Isaurindo Chorondo, gerente de A Industrial Farense, uma fábrica fundada em 1944 e que numa primeira fase se dedicou exclusivamente ao fabrico de rações para animais.

A polpa da alfarroba - 90 por cento do peso do fruto - é aproveitada para doçaria variada como bolachas e bolos, licores, xarope, pão e alimentação dos animais.

O aproveitamento deste produto tradicional algarvio está a ser valorizado pela própria Direcção Regional de Agricultura do Algarve (DRAAlg), que confirmou à Lusa que o nível de plantação na região está em expansão.

Portugal é o terceiro produtor mundial de alfarroba - os primeiros são os espanhóis e os terceiros os marroquinos - mas o aumento de produção nos últimos dez anos pode levar o Algarve a conquistar uma agricultura sustentável e transformar o País no segundo produtor de alfarroba do mundo.

Com os apoios europeus, nomeadamente através de subsídios e do "Projecto aos frutos de casca rija e alfarroba", a produção pode aumentar.
 

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