O Algarve

Algarve. Para onde quer que as atenções se virem, as cores da serra e do mar estão sempre presentes, numa aguarela em que ressaltam pontos dourados, verdes e azuis. A região é extensa e simpática, com clima mediterrânico, marcada pelos odores da maresia e das flores silvestres.

Um passeio a pé pelo emaranhado de ruas, vielas e escadinhas do interior algarvio é a melhor forma de conhecer esta zona da região. Perca-se ainda na vastidão da orla litoral, tendo como fundo as mais belas praias da Europa, onde se avistam os recortes dos rochedos e as facécias das sombras que eles deixam no areal.

Depois dos encantos da paisagem, os aromas e sabores da cozinha tradicional algarvia.
Cardápio confeccionado com peixe e marisco, caso da caldeirada de peixe ou da cataplana de amêijoas, ou com toda a tradição da comida serrana, como os cozidos de grão e de couve.

O elenco das ofertas passa também pelas afamadas delícias regionais, representadas pelo figo, amêndoa, alfarroba e pela aguardente de medronho, destilada nas zonas da serra em velhos alambiques cobreados.


foto: Jorge Correia Santos


Atravessar o Algarve, erguido entre locais de elevado interesse ecológico, ricos em biodiversidade e ecossistemas, é caminhar por séculos de tradição, ainda hoje intacta.
O artesanato que os artífices algarvios habilmente manufacturam, recorrendo a técnicas ancestrais, manifesta-se na olaria, cestaria, nas peças de cobre, latão e nos trabalhos de linho e de juta.


A dois passos da tranquilidade do interior, as animadas noites algarvias. Bares, discotecas, marinas e casinos asseguram a diversão dos mais foliões.

O património construído é outro ponto de paragem obrigatória. A arquitectura das casas caiadas, com platibandas coloridas e chaminés de beleza inigualável, os campanários das igrejas e os museus, que revelam excertos dos antepassados do povo algarvio, contribuem para a singularidade deste destino.

Recomenda-se também a prática de desporto ao ar livre, seja nos campos de golfe verdejantes, nas infra-estruturas que a região oferece para a actividade física, na costa ou nos montes algarvios, que depois dos rigores do Inverno, e ainda antes dos primeiros sinais primaveris, vestem-se de um branco róseo, devido às amendoeiras em flor que salpicam o horizonte.
O retrato de um Algarve que espera por si, todo o ano.

Um pouco de História

No Algarve as suas férias ganham uma dimensão histórica.
Um pouco por toda a região é ainda possível desvendar encantos e segredos da história de Portugal, que o tempo não apaga. As férias passadas no Algarve servem também de pretexto para uma viagem no tempo, ao encontro de numerosos testemunhos de povos e culturas que ao longo da história se cruzaram com a região.

Da presença romana à longa herança muçulmana, da reconquista cristã à epopeia dos Descobrimentos portugueses, não faltam motivos para redescobrir sinais de um passado histórico marcante.

As marcas da presença humana no Algarve recuam a tempos imemoriais.

Exemplos disso são os milenares vestígios neolíticos e as mais recentes, mas não menos interessantes, estações arqueológicas romanas, abertas a visitas. A visita ao passado da região e à sua valiosa história faz-se também percorrendo os diversos museus arqueológicos, que encerram um vasto património ainda por descobrir. Herdeira de antigas civilizações, a região algarvia foi igualmente ponto de passagem de outros povos, numa ligação quase sempre facilitada pelo imenso mar que banha as suas costas.

Os mais de cinco séculos de influência árabe marcaram para sempre os destinos da região, a começar pelo próprio nome: Al-Gharb, O Ocidente. Esta presença, que se prolongou do séc. VIII ao séc. XIII, ainda hoje se encontra bem patente nos nomes das povoações, na agricultura, na arquitectura dos monumentos, nos rendilhados dos terraços e chaminés ou no branco da cal que teima em cobrir o casario de muitas localidades algarvias. Silves assume então a centralidade da região, fruto de uma estratégica localização geográfica.

Em meados do séc. XIII, as terras algarvias são as últimas de Portugal a serem conquistadas ao domínio muçulmano.

Após longos avanços e recuos, a reconquista cristã tem a preciosa colaboração dos Cavaleiros da Ordem de Santiago, liderados por D. Paio Peres Correia, para no reinado de D. Afonso III pôr cobro à presença árabe no Algarve e unir a região ao reino de Portugal. Para além de Silves, Tavira e Faro, actual capital algarvia, são definitivamente tomada aos mouros. Fundava-se assim o Reino de Portugal e dos Algarves.

Mais tarde, no início do séc. XV, o início da expansão marítima portuguesa dá novo vigor às terras e gentes algarvias. Lagos e Sagres ficam para sempre ligadas ao Infante D. Henrique e aos Descobrimentos. Ainda hoje, na Ponta de Sagres, um gigantesco dedo de pedra aponta para o oceano Atlântico numa clara alusão à coragem dos navegadores algarvios, como Gil Eanes, que se faziam ao mar à procura de novos mundos para dar ao mundo.

Marcas desta história tão longínqua, mas ainda tão presente na alma algarvia, encontram-se espalhadas por toda a região. Visitar Aljezur, Lagos, Silves, Faro, Tavira, Castro Marim e Alcoutim é descobrir em cada museu, igreja, fortes e castelos a grandeza da história portuguesa, as suas gentes e tradições.


Dados sobre o Algarve

Com 4.995Km2 de área e uma população residente de 395.218 habitantes, distribuídos por 16 concelhos, o Algarve localiza-se no extremo ocidental da Europa, a Sul de Portugal. Tem uma densidade populacional média de cerca de 80 hab/Km2, uma costa com cerca de 150Km e é banhado pelo Oceano Atlântico.

Subdivide-se em três faixas principais, todas elas de grande beleza paisagística:
- O litoral concentra a maior parte da actividade económica regional. A costa algarvia é, em termos paisagísticos, muito diversificada, variando entre costas abruptas, areais extensos, lagunas recortadas, sapais e outras formações dunares. As rochas predominantes são essencialmente do tipo sedimentar (como é o caso dos arenitos e dos conglomerados). Morfologicamente, o litoral tem uma baixa altitude e é, na sua maioria, constituído por relevos aplanados, dispostos por campinas e várzeas;
- O barrocal é uma zona de transição entre o litoral e a serra, sendo constituído por rochas calcárias e xistosas. Também conhecida por beira-serra, esta zona é, tradicionalmente, a principal fornecedora de produtos agrícolas do Algarve;
- A serra, que ocupa 50% do território, é formada, essencialmente, por rochas xistosas e algumas graníticas (neste último caso em Monchique, onde existe um maciço de sienito nefelínico). Os principais conjuntos montanhosos são a Serra de Espinhaço de Cão, a Serra de Monchique (onde se localiza a Foia que tem a maior altitude do Algarve: 900 metros) e a serra do Caldeirão ou Mú.

A posição geográfica do Algarve confere-lhe umas particularidades bioclimáticas especiais. Apesar de situado junto ao Oceano Atlântico, dispõe de um clima temperado de características mediterrânicas, com mais de 3000 horas de sol por ano e uma fraca precipitação média anual.

O sector de actividade mais importante é o terciário (comércio e serviços), resultado da principal actividade económica – o turismo. Este sub-sector de actividade assume tal importância no Algarve que representa, directa e indirectamente, cerca de 60% do total de emprego e 66% do PIB regional. De salientar que o Algarve recebe anualmente cerca de 5 milhões de turistas.


Algarve para todos os gostos

O Algarve, região que apresenta como capital a cidade de Faro, compõe-se por 16 concelhos: Alcoutim, Aljezur, Albufeira, Castro Marim, Faro, Loulé, Lagos, Lagoa, Monchique, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António.

Cada área concelhia é um importante reduto turístico, potenciado através da beleza natural da paisagem algarvia – dividida entre a costa, a serra e o barrocal –, dos inúmeros equipamentos que suportam uma oferta heterogénea e das excelentes acessibilidades aéreas e terrestres, que permitem uma ligação constante do Algarve a outros pontos do mundo.

Região que encerra em cada município a historicidade de um inegável património cultural, o Algarve surge como o principal destino nacional, detendo também o lugar cimeiro na contribuição para os proveitos totais da actividade turística portuguesa.

 

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Sabores da Serra e do Mar
Sinfonia de aromas


Conhecer a cozinha regional algarvia é obrigatório para quem visita a região.

Simultaneamente rica de sabores e simples de confecção, a gastronomia do Algarve, à semelhança de tudo o resto, tem as suas raízes em tempos e quotidianos longínquos e absorveu influências diversas.

Por ser terra de pescadores virada para o Atlântico, os peixes e mariscos desempenham papel protagonista nesta Cozinha.

Nestes casos, as melhores receitas provêm dos pescadores que, ao longo de séculos aperfeiçoaram a melhor forma de conservar os sabores naturais – grelhando-os lentamente no carvão. Mas não só.
Há várias receitas em que os frutos do mar são deliciosamente confeccionados com a ajuda das ervas aromáticas, especiarias e outros sabores.
A mais famosa é a de Amêijoas na Cataplana, recipiente de cobre de origem islâmica, especialmente eficaz na conservação dos aromas.
Mas não é só do mar que vêm as influências.
Toda a região interior dotou a gastronomia algarvia de maravilhosas receitas baseadas em produtos hortícolas, plantas silvestres e carne proveniente dos pastos serrenhos.

Internacionalmente famosa, a doçaria é de comer e chorar por mais! Não há quem resista ao sabor e aspecto das guloseimas divinalmente confeccionadas com amêndoas, figos, laranjas e alfarrobas cultivadas no Algarve, a que são adicionados açúcar e ovos.

Pertença deste magnífico património, são também a famosa aguardente de Medronho, os licores de frutos e os vinhos da região.

Trata-se de um legado riquíssimo, cada vez mais possível de ser apreciado em restaurantes ou típicas tasquinhas por toda a região.

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